Uma fiscalização surpresa do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – TCE-SP, realizada no dia 29/09, identificou várias irregularidades em 371 escolas da rede pública do Estado. Os auditores encontraram, entre outras falhas, oitenta pacotes de feijão e dezenove litros de leite vencidos, carne moída com fragmentos de plástico, alimentos armazenados no chão e até pombos circulando nos refeitórios.
A operação, que ocorreu simultaneamente em 265 municípios, mobilizou 382 auditores durante o período das 8h às 16h. O objetivo foi verificar desde as condições de preparo e armazenamento dos alimentos até a frequência da oferta das refeições, além da supervisão de nutricionistas nos cardápios.
Produtos vencidos e risco à saúde
As perguntas que ficam são: Você deixaria seus filhos comerem alimentos estragados ou vencidos em casa? E na escola? Será que o Governador Tarcísio ou o secretário Renato Feder aceitariam merendar em uma dessas escolas com os alunos?
Pois bem, destas 371 escolas, cerca de 28% não armazenavam alimentos em prateleiras, enquanto 34,6% não faziam o controle de temperatura adequado de produtos refrigerados ou congelados. Além disso, 6,2% das unidades misturavam alimentos com produtos de limpeza, e 5,4% ofereciam itens vencidos.
Outros problemas também se destacaram. Mais de 20% das escolas possuíam ingredientes de origem animal sem registro oficial de inspeção, e 21% tinham cozinhas em más condições, com infiltrações, rachaduras e descascamentos. Além disso, 35% não garantiam ventilação adequada para o preparo das refeições, e 22% não ofereciam espaço apropriado para que os alunos pudessem se alimentar.
E mais riscos à saúde
O cenário estrutural revelou fragilidades adicionais: 31% das escolas apresentavam equipamentos quebrados, como freezers, geladeiras e fogões. Já em 24% dos casos, as cozinheiras não utilizavam uniformes adequados, o que incluía a ausência de máscaras, luvas e calçados apropriados.
A situação da água também chamou atenção. De acordo com o TCE, 77,8% das escolas não possuíam certificado de potabilidade, e 24% não apresentavam laudos recentes sobre a higienização das caixas d’água.
No campo da gestão, os números reforçam a falta de controle: 38,8% das unidades não possuíam fichas técnicas das preparações, 37,2% não realizavam testes de aceitabilidade com os estudantes e 29,2% não recebiam fiscalização regular dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE).
Diante das constatações, o TCE classificou as falhas como um risco direto à saúde dos alunos.
O que diz a gestão Tarcísio de Freitas?
Procurada, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou, em nota, que vai analisar os apontamentos feitos pelo tribunal em conjunto com as Unidades Regionais de Ensino. Segundo a pasta, o órgão segue à disposição “para prestar os devidos esclarecimentos”.
Será que o governador Tarcísio de Freitas, provável candidato a presidente do país ou à reeleição no estado de São Paulo, estaria disposto a fazer uma merenda em qualquer uma dessas escolas, em uma eventual visita surpresa? Diante da maior autoridade do Estado, quem haveria de lhe servir plástico com carne?
Reportagem: Fernando Aires. Foto: Divulgação.
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Fonte: SP Jornal